sexta-feira, 16 de novembro de 2007

CONREJE 2008 - Confraternização Regional de Juventudes Espíritas (Grande Florianópolis - SC)

→ Bibliografia/Fundamentação (CONREJE 2008)

Evolução Histórica da Reencarnação


Delane, Gabriel. A reencarnação. Ed. FEB. 1994
Denis, O problema do ser do destino e da dor. Ed. FEB, 1997 – segunda parte
Denis, Depois da Morte. Ed FEB. 1991 – primeira parte.
Prophet Elizabeth Clare. Reencarnação: o elo perdido do cristianismo Ed. Nova Era
Silva, Celestino. Analisando as Traduções Bíbilicas. Ed. Idéia. 2002
Miranda. Hermínio C. A Reencarnação na Bíblia, Pensamento, 1999.

A contribuição da Doutrina Espírita

Alves, Educação do espírito: introdução à pedagogia espírita. Ed. Ide. Cap. 2
Denis, O problema do ser do destino e da dor. Ed. FEB, 1997- segunda e terceira partes
Denis, Depois da Morte. Ed FEB. 1991 – segunda parte
Kardec, Allan. O evangelho segundo espiritismo. Ed. Feb. 2003 – cap. 4.
Kardec, Allan. O livro dos espíritos. Ed, Feb 2003 – Cap. 4
Miranda. Hermínio C. Reencarnação e Imortalidade, 4ª ed., Feb, 1991
Xavier, Francisco C. O consolador. Ed. FEB 1991, p. 34-39

Reencarnação como Lei do Amor

Kardec, Allan. O evangelho segundo espiritismo. Ed. Feb. 2003 – cap. 17
Kardec, Allan. O livro dos espíritos. Ed, Feb 2003 – cap.11

Valorização da Vida



Reencarnação, por quê?

A reencarnação provém de dois atributos básicos de Deus, sem os quais, no nosso entendimento, Ele não seria Deus: justiça e misericórdia infinitas.

Acreditando-se que tais atributos são intrínsecos à Deus, torna-se sobremaneira impossível conceber-se a idéia de um inferno temporalmente infinito a um indivíduo, no qual estarão as almas que aqui viveram de forma errada, enganosa, materialista, etc, sem quaisquer chances de arrependimento. Tais almas, uma vez adentradas no inferno, não poderiam ser alcançadas pela misericórdia divina. Mesmo arrependendo-se, não mais seriam ouvidas por Deus por todo o sempre. É fácil perceber o grave conflito entre esse conceito de inferno e os dois atributos divinos citados acima, uma vez que sua existência estabelece, de forma óbvia, um termo à misericórdia de Deus.

A reencarnação é uma segunda chance que Deus nos concede para tentarmos evoluir moralmente como seres humanos, sendo esse o real objetivo dela: a evolução do espírito. "Receber um corpo, nas concessões do reencarnacionismo, não é ganhar um barco para nova aventura, ao acaso das circunstâncias, mas significa responsabilidade definida nos serviços de aprendizagem, elevação ou reparação, nos esforços evolutivos ou redentores". Deus não quer que nenhum dos seus filhos se perca e sua infinita misericórdia estará sempre nos tocando com sua divina benção.

Ela vem ainda a corrigir possíveis injustiças. Quantas pessoas passam por sérias dificuldades em suas vidas? Miséria, vivendo ao lado do crime e tendo os filhos passando fome, enquanto outras possuem totais condições de desenvolvimento moral junto a suas famílias tão bem estabelecidas?

Um caso interessante: quantos povos viveram em níveis bárbaros e antropófagos na história da humanidade? Será que se nossa alma, assim que fosse criada, encarnasse em um corpo e vivesse junto a esse povo não seríamos também antropófagos?

Por isso deveríamos ir para o inferno, logicamente?

Ou iríamos para o paraíso eterno? (Mas como, se fomos canibais??)

Pode-se argumentar que Deus perdoar-nos-ia por não sabermos que tal prática era errada, afinal nascemos ali e convivemos desde cedo com aquilo. Mas então isso quer dizer que, por viver na ignorância, estaríamos livres para fazer o que quiséssemos e ainda assim sermos premiados com o paraíso eterno? Seria uma grande demonstração de misericórdia, realmente, por parte de Deus, mas ao mesmo tempo também de injustiça. Isso não seria justo para com aqueles que conheceram as leis do amor a Deus e ao próximo. Aos primeiros o paraíso, não importando o que fizeram, devido a sua ignorância; aos últimos, somente se conseguissem manter-se no caminho correto, passando pela porta estreita (Mateus 7:13)? Em qualquer hipótese, não há como haver justiça igualitária a todos nesse caso se não pensarmos na reencarnação. Nas duas possibilidades estaria havendo um tratamento preferencial de Deus para com um povo ou outro: seja dando a possibilidade do paraíso apenas àqueles que possuíssem o conhecimento das leis morais divinas e as praticassem, relegando os ignorantes e bárbaros ao inferno eterno; seja dando aos ignorantes e bárbaros de qualquer forma o paraíso, face à sua ignorância, devendo os outros, para chegarem à felicidade eterna, seguir todo um caráter moral de convivência com o próximo.
Outro caso interessante: o que ocorre com a criança que morre ainda em tenra idade? Imaginemos que tal criança deixe essa vida apenas alguns dias após seu nascimento. Deveria ela ir para o céu ou para o inferno?

REENCARNAÇÃO: O "ELO ESQUECIDO" DO CRISTIANISMO
Há muito tempo atrás os cristãos acreditavam na reencarnação. Essa é a conclusão da escritora americana Elizabeth Clare Prophet, em seu livro "Reencarnação: o elo perdido do cristianismo". A obra é uma análise histórica da reencarnação, especialmente, a partir do cristianismo até os concílios da Igreja e a perseguição aos hereges. A autora, embora utilizando uma fonte bibliográfica extremamente rica e usando uma terminologia eminentemente espírita (reencarnação, mundo espiritual...) não faz nenhuma referência ao Espiritismo. De qualquer forma, iremos refletir, dentro dessa breve historiografia de idéias sobre a reencarnação, a proposta espírita, oportunizando, na atualidade, a continuação dos ensinos de Jesus sobre as vidas sucessivas.
O principal alvo de debates sobre a reencarnação no Novo Testamento está centralizado nas passagens que se referem a João Batista como sendo a reencarnação do profeta Elias. O tema é abordado três vezes nos Evangelhos. Vejamos.
A primeira, quando João está pregando no deserto e os sacerdotes e levitas chegam para interrogá-lo. Ele então nega ser Elias. Mas identifica-se como ' a voz do que clama no deserto...'" (E.S.E. cap. XV). No entanto, para os judeus essa "voz" havia sido prevista pelo profeta Malaquias como sendo a "voz” do precursor do Messias, identificado como Elias”.
Segundo Elizabeth, João, por certo, teve um bom motivo para responder dessa forma. Negou ser Elias para evitar reações das autoridades políticas e religiosas, que mais tarde o decapitaram, mas, ao mesmo tempo, confirmou "veladamente" a sua reencarnação para tranqüilizar seus seguidores.
Observemos que, nas outras duas vezes em que a questão sobre Elias aparece, é o próprio Jesus a declara que João era Elias que "retornara". A primeira vez é quando João está na prisão e Jesus publicamente faz essa referência: "Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir". (E.S.E. cap. XV, 8 a 10)
Após a morte de João Batista, vamos encontrar a cena da transfiguração de Jesus no monte Tabor. Quando Jesus se transfigura, então Elias e Moisés aparecem e falam com Jesus. Quando descem do monte, os discípulos perguntam-lhe: "Porque dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?". em outras palavras: "Se Elias deveria vir primeiro, como profeta, para preparar o caminho para a sua vinda, então por que ele aparece em seu corpo espiritual?
"O que está fazendo no 'céu' se ainda não o vimos na Terra?" Segundo a narrativa de Marcos, Jesus responde: "(...) Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como dele está escrito". Mateus apresenta a mesma história, acrescentando a seguinte frase: "Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista.”
De acordo com Elizabeth, "os discípulos provavelmente entenderam que a declaração de Jesus ' fizeram-lhe tudo o que quiseram' referia-se à decapitação de João, por ordem do rei Herodes Antipas.
Observando-se apenas esses três relatos, é razoável concluir-se que o princípio da reencarnação fazia parte dos ensinos de Jesus, como um mecanismo natural da lei do progresso e da evolução.
Muitos estudiosos, contrários à idéias da pluralidade das existências, acreditam que a questão da reencarnação de Elias em João, e sua referência por Jesus, na verdade, teria sido acrescentada pelos autores dos Evangelho, ou mesmo, pelos tradutores. Se analisarmos essa questão do ponto de vista meramente histórico, realmente tornar-se-ia difícil chegar a uma conclusão absoluta e irretorquível. Primeiro, porque as fontes primárias não foram conservadas, e segundo, porque os autores dos Evangelhos não eram historiadores, mas pessoas com limitações naturais de conhecimento e que puderam conservar pela memória, e/ou pelas tradições orais, os ensinamentos que Jesus lhes havia ministrado. As palavras do Cristo, disseminadas ao longo do tempo, foram transmitidas de boca em boca, e, posteriormente, transcritas em diferentes épocas, muito tempo depois de sua morte.
Não obstante a contribuição da Doutrina Espírita, nessa e em outras tantas questões, é realmente notável. Allan Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", no cap. IV, após analisar as informações dos espíritos superiores encarregados de orientar a codificação do Espiritismo, reafirma:
"A idéia de que João Batista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Ter4ra se nos depara em muitas passagens dos Evangelhos(...). Se fosse errônea essa crença, Jesus não houvera deixado de a combater, como combateu tantas outras e a põe por princípio e como condição necessária, quando diz: " Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.' E insiste, acrescentando: Não te admires de que eu te haja dito ser preciso nasças de novo”.
Em "O Livro dos Espíritos", questão 222, novamente afirmou: "Muitos repelem a idéia da reencarnação pelo só motivo de ela não lhes convir.(...) De alguns sabemos que saltam em fúria só com o pensarem que tenham de voltar à Terra.".
Retornando a nossa análise história, encontraremos Filon de Alexandria (20 a.C. - 50d.C.), filósofo judeu e contemporâneo de Jesus, cujas idéias a respeito do objetivo da vida situava-se na própria integração com Deus através de sucessivas existências; teve um papel muito importante na combinação dos pensamentos grego e judaico. Filon e sua escola de pensamento davam uma interpretação alegórica do Antigo Testamento, conferindo-lhe um significado simbólico. A reencarnação fazia parte de sua visão filosófica sobre a vida: "As (almas) que se deixam influenciar pelo desejo de uma vida mortal(...) retornam a ela" - escreveu ele. Filon viveu na cidade de Alexandria, próximo do delta do Nilo, famosa por sua biblioteca e por ser um grande centro intelectual da época. Suas idéias influenciaram profundamente alguns patriarcas da igreja romana: Clemente de Alexandria, Orígenes e Ambrório. Filon era um erudito que acreditava e ensinava que o ser humano pode chegar a Deus pela sabedoria e pela transcendência.
Segundo Elizabeth, Orígenes (185 a 254 d.C.), que viveu em Alexandria, ao estudar os textos de Filon, em conjunto com os clássicos gregos de Platão e Pitágoras, passou a associar a idéia da justiça divina com a idéia das vidas sucessivas, fazendo a seguinte indagação: "se as almas não existiam previamente, por que encontramos cegos de nascença que nunca pecaram, enquanto outros nascem sãos?". Logicamente, chegava a conclusão de que a situação atual da criatura humana é oriunda, também, de suas ações pretéritas de outras vidas:
"Se o nosso destino atual não fosse determinado pelas obras de nossas passadas existências, como poderia Deus ser justo, permitindo que o primogênito servisse o mais moço e fosse odiado, antes de haver praticado atos que merecessem a servidão e o ódio? Só as vidas anteriores podem explicar a luta de Esáu e Jacó, (...) e outros tantos fatos que seriam o opróbrio da justiça divina, se não fosse justificados pelas ações boas ou más praticadas em anteriores existências".
A partir do século IV, no entanto, a idéia das vidas sucessivas, que era naturalmente difundida, mexeria profundamente com as estruturas de interesse da igreja romana. Um padre chamado Ário, que viveu de 250 d.C. - 336 d.C., nascido no Líbano, ensinava que Jesus era filho de Deus; logo, Jesus teve um princípio. A proposta de Jesus seria nos ensinar como chegar a Ele. Ário defendia que isso seria possível através de sucessivas existências físicas. As idéias arianistas ensejaram o concílio de Nicéia, uma cidade a beira de um lago a sudeste de Constantinopla, em junho de 325. O ponto central dos debates era se Jesus havia sido criado ou não. Se houvera sido criado, conforme entendiam os arianistas, então o progresso poderia ser alcançado por nós se seguíssemos simples e tão somente, os seus ensinamentos. Mas se ele não houvesse sido criado, sendo portanto igual a Deus, como desejavam os ortodoxos, seria totalmente distinto da criação.
Nesse caso, a criatura humana para atingir a "salvação" dependeria exclusivamente da subserviência aos princípios da igreja romana. É claro que o concílio rejeitou a primeira idéia e aprovou a segunda. Com isso as idéias de Ário tornaram-se heréticas e suas obras proibidas.
Orígenes, que havia concordado com Ário que o objetivo de Jesus era ensinar os seres humanos como atingir a divindade, discrepando dos ortodoxos literaristas, seria sistematicamente condenado em suas idéias entre os séculos V e VI. Justiniano (527-565 d.C.), imperador romano, por volta da primeira metade do século VI, tomou o partido dos antiorigenistas, promulgando um édito onde condenou dez princípios ensinados por Orígenes, inclusive a pluralidade das existências. No entanto, somente no ano 553, ao convocar o Quinto Concílio Geral da Igreja, o princípio da reencarnação seria definitivamente abolido. Esse concílio incluía efetivamente o origenismo na lista dos movimentos heréticos: "se alguém afirmar a fictícia preexistência das almas, afirmará a monstruosa restauração que dela decorre que seja anatematizado" (Restauração" significa o retorno da alma à união com Deus).
Naturalmente a visão reencarnacionista ensejava, desde os seus primórdios, a concepção do ser humano ser autor de seu próprio destino e, portanto, dependeria somente do indivíduo e seu livre-arbítrio, lograr o progresso ou a "salvação", e de mais ninguém. Evidentemente essa proposta desarticulava os interesses de supremacia político-religiosos da época. Tanto é verdade que Agostinho (354-430 d.C.) chegou a escrever uma carta ao Papa Inocêncio I, advertindo-o sobre a necessidade de condenar-se as idéias sobre as vidas sucessivas, sob pena de a Igreja perder a sua própria autoridade. Logo, o princípio do esforço pessoal e não simplesmente a aceitação de regras impostas colidia diretamente com o "fora da igreja não há salvação". Com a rejeição da reencarnação, a igreja teve que encontrar uma outra explicação para a ocorrência de fatos negativos a pessoas boas. Sem as ações passadas para explicar as diferenças entre os destinos, restou à igreja aceitar a doutrina do pecado original elaborada por Agostinho, que se tornou o mais influente teólogo da igreja. Assim se expressa Elizabeth: "O pecado original também era um conceito atraente para os governantes seculares. Como a doutrina firmava que o homem era naturalmente mau, ele seria, obviamente, incapaz de governar a si próprio. Assim, deveria obedecer aos seus governantes(...) Certamente foi uma ideologia que servia às necessidades das classes dominantes da sociedade romana".
Agostinho passou nove anos adepto do maniqueísmo, que combinava idéias cristãs, gnósticas e budistas, antes de voltar-se para o cristianismo. Certamente, nesse período, manteve contato com as idéias reencarnacionistas, uma vez que esse princípio fazia parte dos ensinamentos do profeta Mani. Todavia, com a elaboração de sua teologia a posteriori, deixou-se envolver pelos conflitos pessoais e negativistas que somente a obra do tempo poderia retificar. Foi assim que, com o passar dos séculos, Agostinho aprimorando seus paradigmas sobre os mecanismos pelos quais a justiça divina se manifesta, retornaria ao cenário do mundo, na segunda metade do século XIX, na tarefa de "reascender" na Terra o elo, não "perdido", mas "esquecido" do cristianismo: a reencarnação. Ao compor a plêiade de espíritos superiores que orientaram o trabalho de Allan Kardec na codificação do Espiritismo, Agostinho tem oportunidade de afirmar: "Como é bela essa missão! Assim, com que alegria vimos a vós para vos dar a conhecer os desígnios divinos! Para vos revelar as maravilhas do além-túmulo! Mas vós, que já sois iniciados nessas sublimes verdades, espalhai a semente em vosso derredor e a recompensa será bela".
Consubstanciando a Lei do Progresso, a reencarnação propicia sentido à existência humana. O seu princípio está na natureza, e, como tal, não pode ser excluído pelo ser humano. Variando-se as culturas e o tempo, a idéia reencarnacionista sempre acompanhou e acompanhará o pensamento humano ao longo de sua historiografia. Cabe ressaltar que a Doutrina Espírita, representando a síntese do conhecimento humano, em suas expressões científica, filosófica e religiosa, oportuniza uma cosmovisão da vida e, pelo apelo que faz à razão e ao bom-senso, estimula o ser humano à ação do bem: "Fora da Caridade não há salvação", isto é, o Espiritismo não diz que fora dele não há salvação, mas apresenta-nos a caridade, como normativa natural de libertação dos ciclos reencarnatórios em desajustes, convidando-nos à plenitude e, portanto, ao aproveitamento máximo de nossa atual existência.
Autor: Jerri Roberto S. de Almeida - Professor de História e dirigente Espírita) ( Revista "A Reencarnação", nº 421)

A reencarnação não está na Bíblia! Como pode ela existir?

Esse é um argumento usado para justificar o quanto é “errônea” a idéia de existência da reencarnação. Há ao menos três fatos que tornam esse argumento inválido.

Mateus, 16:13-14 Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou algum dos profetas. João, 9:1-2

E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
A primeira passagem mostra que o povo achava ser possível a reencarnação, uma vez que Jesus não poderia ser Jeremias ou algum dos profetas se os mesmos não pudessem reencarnar. A segunda passagem mostra que os próprios discípulos acreditavam nessa possibilidade. Afinal, como alguém poderia pecar para nascer cego? Somente se esse alguém houvesse vivido antes para cometer um pecado, correto?
Nas duas passagens não constam quaisquer correções de Jesus sobre tais "idéias errôneas". Se um espírito não pudesse voltar a viver na Terra em um outro corpo, não seria natural, além de totalmente esperado, que Jesus corrigisse os seus discípulos? Afinal seriam eles os responsáveis pela divulgação de suas palavras e ensinamentos após o sacrifício na cruz. É inexplicável Jesus ter deixado uma idéia absurda (uma vez que, se não existe, é mesmo absurda) passar em branco dessa maneira.


Mateus, capítulo 11:12-15

12. E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto.
13. Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João.
14. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
15. Quem tem ouvidos, ouça.
Mateus, 17:10-13

Perguntaram-lhe os discípulos: Por que dizem então os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? Respondeu ele: Na verdade Elias havia de vir e restaurar todas as coisas; digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram; mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às mãos deles. Então entenderam os discípulos que lhes falava a respeito de João, o Batista.

Na segunda passagem, Jesus diz claramente que Elias já havia retornado, entendendo então os discípulos que ele se referia à João Batista.

Na primeira passagem, perceba como Jesus se refere a João nos versículos 12 e 13. Não é estranha a noção de tempo empregada por ele? Afinal, Jesus e João viveram na mesma época, tendo o segundo batizado o primeiro. A explicação para isso vem no versículo 14, onde Jesus fala claramente quem era ele, sem margens para segundas interpretações, e ainda completa dizendo: "quem tem ouvidos, ouça". Há formas de se expressar mais claramente sobre a reencarnação?

Sabe-se que João Batista nasceu de forma natural, como se vê nesses versículos:

Lucas, 1:13-14

Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João; e terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento.

Lucas, 1:36

Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril.
Se João Batista era Elias (e assim disse Jesus), aí está a reencarnação!


Será correto pensarmos que a Bíblia encerra toda uma doutrina onde nada mais possa ser acrescentado? Será que a mesma já explica todos os mistérios de Deus, da vida espiritual e da relação de Deus com os homens? Jesus mesmo disse aos seus discípulos em certo momento que certas coisas ainda não poderiam ser-lhes ditas, uma vez que não estavam preparados para ouvir. Mesmo se não houvesse na Bíblia tais passagens citadas acima, ainda não seria essa uma justificativa para a inexistência da reencarnação. A própria Igreja Católica admite a existência do purgatório sem que nada sobre isso conste em qualquer livro da Bíblia. Jesus ensinou várias coisas, mas lembremos novamente o que ele disse aos seus discípulos: “Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora.” (João, 16:12)


Reencarnação e Evolução

A reencarnação significa recomeço nos processos de evolução u de retificação. Lembre-se de que os organismos mais perfeitos da nossa Casa Planetária procedem inicialmente da ameba. Ora, recomeço significa “recapitulação” ou “volta ao princípio”. Por isso mesmo, em seu desenvolvimento embrionário, o futuro corpo de um homem não pode ser distinto da formação do réptil ou do pássaro. O que opera a diferenciação da forma é o valor evolutivo, contido no molde perispirítico do ser que toma os fluidos da carne. Assim pois, ao regressar à esfera mais densa (reencarnar), é indispensável recapitular todas as experiências vividas no longo drama de nosso aperfeiçoamento, ainda que seja por dias e horas breves, repetindo em curso rápido as etapas vencidas ou lições adquiridas, estacionando na posição em que devemos prosseguir no aprendizado.

Logo depois da forma microscópica da ameba, surgirão no processo fetal os sinais da era aquática de nossa evolução e, assim por diante, todos os períodos de transição ou estações de progresso que a criatura já transpôs na jornada incessante do aperfeiçoamento, dentro da qual nos encontramos, agora, na condição de humanidade.


Independente do credo, todo aquele que: favorável ao "Evolucionismo", à teoria de Darwin, e ainda não aceitou a "Reencarnação e Evolução", deveria refletir profundamente, com muita sinceridade, a respeito de sua apologia. Como imaginar nossos antepassados, os mais remotos, tendo ascensão direta ao plano divino, sem passarem por estágios na era do Homo Sapiens? Também, se considerarmos que o Homem de Neanderthal desapareceu há 30 mil anos, como admitir a hipótese de estarem estacionados, até hoje, aguardando o "juízo final"? Não seria mais justo esperar de Deus a oportunidade para que evoluíssem, reencarnando?

Ainda relacionando reencarnação com evolução e considerando a lentidão inerente ao processo evolutivo, parece haver grande coerência em considerar a reencarnação como conseqüência lógica da crença na existência da alma além morte e do evolucionismo, pois do contrário seria inimaginável, ou pelo menos ilógico, considerar que os espíritos, ainda que menos evoluídos, de nossos antepassados mais remotos se encontrem em paraísos, em torturas ou vagando pelo universo. Mesmo se ainda considerarmos que a alma é propriedade exclusiva da espécie humana, existiria ainda a questão, aparentemente sem resposta, de quando, em que momento no processo evolutivo, passamos a tê-la. E qual seria então a razão para considerar que nós, seres humanos, passamos a condição de seres espiritualizados em alguma época específica de nossa evolução? Parece haver maior misticismo se negarmos, portanto, o processo de reencarnação. Com o desenvolvimento das idéias espiritualistas no mundo, torna-se um estudo obrigatório, e para todos os dias, o grande problema que implica o drama da evolução anímica.

Teria sido a alma criada no momento da concepção, na mulher, segundo as teorias anti-reencarnacionistas?
Como será a preexistência?
O espírito já é criado pela potência suprema do Universo, apto a ingressar nas fileiras humanas?

E os pensadores se voltam para os vultos eminentes do passado. As autoridades católicas valem-se de Tomás de Aquino, que acreditava na criação da alma no período de tempo que precede o nascimento de um novo ser, esquecendo-se dos grandes padres da antígüidade, como Orígenes, cuja obra é um atestado eterno em favor das verdades da preexistência. Outras doutrinas religiosas buscam a opinião falível da sua ortodoxia e dos seus teólogos, relutando em aceitar as realidades luminosas da reencarnação. Pascal, escrevendo na adolescência o seu tratado sobre os cones, e inúmeros Espíritos de escol, laborando com a sua genialidade precoce nas grandes tarefas para as quais foram chamados à Terra, constituem uma prova eloqüente, aos olhos dos menos perspicazes e dos estudiosos de mentalidades tardas no raciocínio, a prol da verdade reencarnacionista.

O homem atual recorda instíntivamente os seus labores e as suas observações do passado. Sua existência de hoje é a continuação de quanto efetuou nos dias do pretérito. As conquistas de agora representam a soma dos seus esforços de antanho, e a civilização é a grande oficina onde cada um deixa estereotipada a própria obra.

Urge reparar, entretanto, em que a reencarnação não é mero princípio regenerativo. A evolução natural nela encontra firme apoio. Criaturas que avultam na bondade, em muitas ocasiões requerem conhecimento nobilitante, e muitas que se agigantaram na inteligência permanecem à míngua de virtude. Outras inumeráveis, embora detendo preciosos valores, nos domínios do coração e do cérebro, após longo estágio no plano extrafísico, sentem fome de progresso renovador por inabilitadas, ainda, a ascensões maiores e renunciam à tranqüilidade a que se integram nos grupos afins, porque, no cadinho efervescente da carne, analisam, de novo, as próprias imperfeições, testando-lhes a amplitude nas rudes experiências da vida humana, obtendo mais avançado ensejo de corrigenda e transformação. Isso não significa que a consciência desencarnada deixe de encontrar possibilidades de expansão nas cidades espirituais que gravitam em torno da Terra. Outras modalidades de estudo e trabalho aí lhe asseguram novos fatores de evolução; contudo, escassa percentagem de criaturas humanas, além da morte, adquirem acesso definitivo aos planos superiores. A esmagadora maioria jaz ainda ligada às ideologias e raças, pátrias e realizações, famílias e lares do mundo. É por isso que artistas eméritos, ao notarem o curso diferente das escolas que deixaram no Planeta, sentem-se irresistivelmente atraídos para a reencarnação, a fim de preservar-lhes ou enriquecer-lhes os patrimônios. Cientistas eminentes, interessados na continuidade dos empreendimentos redentores que largaram em mãos alheias, volvem ao trabalho e à experimentação entre os homens, e, no mesmo espírito missionário, religiosos e filósofos, professores e condutores, homens e mulheres que se distinguem por nobres aspirações retomam, voluntariamente, à esfera física, em sagradas ações de auxílio que lhes valem honrosos degraus de sublimação na escalada para a Divina Luz. Entendamos, assim, que tanto a regeneração quanto a evolução não se verificam sem preço. O progresso pode ser comparado a montanha que nos cabe transpor, sofrendo-se naturalmente os problemas e as fadigas da marcha, enquanto que a recuperação ou a expiação podem ser consideradas como essa mesma subida, devidamente recapitulada, através de embaraços e armadilhas, miragens e espinheiros que nós mesmos criamos.

Se soubermos, porém, suar no trabalho honesto, não precisaremos suar e chorar no resgate justo. E não se diga que todos os infortúnios da marcha de hoje estejam debitados a compromissos de ontem, porque, com a prudência e a imprudência, com a preguiça e o trabalho, com o bem e o mal, melhoramos ou agravamos a nossa situação, reconhecendo-se que todo dia, no exercício de nossa vontade, formamos novas causas, refazendo o destino.

Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. O fim da encarnação é o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta. A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na Sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar Dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

Os Espíritos que faliram em suas missões ou em suas provas podem conservar-se estacionários, mas não retrogradam. Em caso de estacionamento, a punição deles consiste em não avançarem, em recomeçarem, no meio conveniente à sua natureza, as existências mal empregadas.

O Espírito depois da sua última encarnação é um Espírito bem-aventurado; puro Espírito.

Além da morte física, pode a alma retemperar-se ao calor de afeições caras, condicionada ao campo de afinidades em que se lhe expressam emoções e desejos; todavia, superada a fase de justo refazimento, aparece a ociosidade que, se mantida, faz que o Espírito por muito tempo se mantenha estanque, ante a luz do progresso. É por isso que a reencarnação se mostra imprescindível e inadiável. Determinado companheiro terá resolvido os problemas da sexualidade inferior, mas guardará consigo a febre de cupidez.
Outro sentir-se-á liberado das tentações da usura, entretanto permanecerá em conflito com o vício da inconformação. Alguém terá vencido o hábito da rebeldia sistemática, mas sofrerá em si mesmo o estilete magnético do ciúme. Esse e aquele amigo se revelarão livres dessa praga mental, contudo, sustentam-se, ainda, algemados à vaidade infantil ou ao orgulho tirânico.
E para que essas chagas ocultas sejam extirpadas de nossa alma é imperioso nos voltemos para o renascimento na arena física, onde encontraremos a adversidade naqueles que não pensam por nossas medidas, para que aprendamos a respirar nas dimensões da Vida Maior.

Em nosso presente estágio de evolução, será preciso renascer, na Terra ou noutros mundos que se lhe assemelhem, tantas vezes quantas se fizerem necessárias,. não somente no resgate dos erros e culpas do pretérito, em louvor da Justiça, mas também no aperfeiçoamento de nós mesmos, em obediência ao Amor. O mundo é, assim, nossa escola:

A família consangüínea é o grupo estudantil a que pertencemos.
O lar é a banca da experiência.
Amigos representam explicadores.
Adversários desempenham o papel de fiscais.
Os parentes difíceis são cadernos de prova.
O trabalho espontâneo no bem é o curso da iluminação interior que podemos aproveitar segundo a nossa vontade.
E sendo Jesus o nosso Divino Mestre, a cada instante da vida a dificuldade ser-nos-á como bênção portadora de preciosas lições.

Não aspiramos a dizer com as nossas afirmativas que o renascimento no campo físico seja sempre cadinho de reparação aos delitos que praticamos, pois milhares de companheiros, depois de longo e honesto esforço pela própria corrigenda, no Plano Espiritual, com larga quota de tempo em nossa colônia de trabalho e reforma, volvem ao corpo carnal, honrados com tarefas de abnegação e heroísmo obscuro, junto de alguém ou ao lado de grupos afins, granjeando, em louvável anonimato, concessões e vitórias dignas de apreço que, apesar de permanecerem quase sempre ignoradas pelos homens, se lhes erigem, aqui (no Plano Espiritual), em passaportes de libertação e acrisolamento para as Esferas Superiores!...